Os corredores de fundo devem ter conhecimento e ser conscientes de alguns aspectos relevantes para o sucesso esportivo. E quando falamos em sucesso esportivo, não nos referimos apenas às glórias e louros de vitórias triunfantes e recordes mundiais, porém, em superar os desafios impostos pelo rigor do treinamento cotidiano e o alcance das metas e objetivos estabelecidos pela preparação individual.
Os ingredientes do sucesso que consideramos fundamentais para a obtenção de boas marcas individuais nas corridas de fundo são:
• PREPARAÇÃO AERÓBIA
O corredor de fundo necessita de um excelente nível de condicionamento de sua capacidade aeróbia, de resistência geral. Para isso, os treinos devem contemplar o método de duração, com rodagens em ritmo contínuo e / ou variado, em intensidades entre 60-85% da freqüência cardíaca máxima, com uma duração entre 20-60 minutos, pelo menos 3 vezes na semana. Se não houver uma dedicação para se desenvolver a resistência aeróbia, o corredor de fundo verá nulas as suas possibilidades de alcance de boas marcas.
• TREINAMENTO MULTIFUNCIONAL
O treinamento multifuncional permite ao corredor o desenvolvimento harmonioso de suas capacidades motoras (resistência, força, velocidade, flexibilidade, coordenação). O aumento do seu nível de condicionamento físico geral promove melhoras acentuadas na sua capacidade de treinamento específico. Assim, treinamento com pesos (musculação), alongamentos, ciclismo (que tal um spinning?) e até a natação, embora que não sejam específicos à corrida, proporciona ganhos no condicionamento geral do corredor, aumentando a sua capacidade de resistência, sua força muscular e servindo até mesmo como uma proteção contra lesões. Isso tudo bem distribuído ao longo da semana e “casado” adequadamente com o treinamento específico de corrida somente trará benefícios ao corredor.
• PRINCÍPIO DE BILL BOWERMAN
Muito simples o que dizia Bill Bowerman, co-fundador da Nike e técnico de corredores como Steve Prefontaine, o mito americano no início da década de 70: “após um dia de treinamento duro, segue-se um dia de treino leve”. Assim, ao alternar trabalhos mais intensos com dias de treinos regenerativos, o corredor estará promovendo os ajustes biológicos necessários em seu organismo para a melhora da sua aptidão atlética e rendimento na competição. O bom corredor sabe que o descanso e a recuperação são tão importantes quanto o treinamento em si.
• IDENTIFICAÇÃO DOS PONTOS FORTES
Todo corredor apresenta características distintas dos demais. Ao identificar os seus pontos fortes, o corredor saberá lidar com eficiência com as dificuldades do treinamento e também adotar qual a melhor estratégia a ser seguida durante as competições. Como exemplos típicos, há corredores que possuem um grande nível de resistência, suportando bem o ritmo imposto, porém, são fracos na arrancada final; outros, no entanto, são o oposto daqueles, “cozinhando o galo” na maior parte do percurso e, quando menos se espera deles, arrancam em uma desabalada carreira até a fita de chegada. Conhecendo as suas principais características e quais os treinamentos que devem ser realizados para melhorar ainda mais o que se faz bem, o corredor estará um passo à frente de seus adversários de prova.
• ERRAR PARA MENOS E NÃO PARA MAIS
Em se tratando de corrida de fundo, é sempre melhor errar para menos do que para mais. Explica-se: as lesões por esforço repetitivo atingem muito mais os corredores que fazem grande volume de quilometragem semanal do que aqueles que se dedicam mais aos treinos de menor duração e maior intensidade. E como ninguém quer deixar de treinar devido às lesões inoportunas, todo o cuidado é pouco! Na dúvida, portanto, corra menos!
• MANUTENÇÃO DO RITMO
O ritmo de corrida é fundamental para as pretensões de qualquer corredor de fundo que se preze. Ao variar demais o ritmo na competição, o corredor promove um gasto de energia excessivo e desnecessário que prejudica o seu desempenho. Assim, quanto mais o corredor se manter fiel a um ritmo equilibrado, sem variações bruscas, maior será a sua possibilidade de desenvolver uma ótima corrida, retardando o surgimento da fadiga. Do bom maratonista, diz-se até que o mesmo é capaz de percorrer os 42 km equilibrando um copo d’água na cabeça sem sequer derramar uma gota, indicando qual seja a necessidade de equilíbrio e noção de ritmo que esse atleta deve ter. Exagero ou não, é melhor estar atento nesse aspecto!
Prof. Esp. Marcelo Augusti
Pós-graduado em Fisiologia do Exercício e Treinamento Esportivo pela UnifespConsultor em Preparação Física da Revista Contra-RelógioColaborador da Revista Spiridon (Portugal)Professor do Curso de Extensão Universitária em Preparação de Corrida de Fundo da UniFMU
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