sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

ENVELHECIMENTO E PRÁTICA ESPORTIVA

Com o passar dos anos, é natural que ocorra um declínio nas estruturas e no funcionamento dos órgãos e sistemas do corpo humano.

O conceito de "idade" ainda não foi definido universalmente, pois podemos considerar a idade sob quatro aspectos: a cronológica, ordenada conforme a data de nascimento dos indivíduos; a biológica, que se refere à situação funcional do organismo em relação ao tempo de vida; a psicológica, que diz respeito à capacidade individual em reagir e adaptar-se as mudanças na auto-imagem; e a sociológica, determinada pelos conceitos das respectivas sociedades (o indivíduo pode ser considerado jovem em um determinado aspecto e, ao mesmo tempo velho, em outro aspecto, considerando-se o mesmo meio social em que vive).

O envelhecimento dos seres vivos é causado pela soma de todas as manifestações de desgaste durante a vida, constituindo-se num processo biológico evolutivo, contínuo, que limita as possibilidades de adaptação do organismo ao ambiente e aumenta a probabilidade do fim da existência terrena.

Biologicamente, o ser humano seria capaz de viver, aproximadamente, por 120 anos. Infelizmente, o progresso e a modernidade, por intermédio das tecnologias atuais, se por um lado nos trazem conforto, por outro limitam a nossa capacidade em relação ao movimento natural em nosso cotidiano.
O movimento constitui-se na mais importante ação do homem, pois é pelo movimento que o ser humano modifica as estruturas e o nível de funcionamento de seu corpo para próximo de seu limite genético, ampliando a sua capacidade orgânica e promovendo a saúde e o bem-estar físico e emocional.

O declínio das capacidades orgânicas do ser humano ao longo da existência, portanto, está associado à tendência para o sedentarismo, e não pela simples questão do próprio envelhecimento como fenômeno biológico.

Temos então que o treinamento físico-esportivo é um modo eficiente no combate aos aspectos biológicos do envelhecimento e a degeneração do desempenho, sendo que podemos aprimorar e prolongar o bom funcionamento do corpo para fases mais avançadas da vida.

Assim, coração, pulmões, vasos sangüíneos, ossos, músculos e todo o organismo, serão beneficiados pela prática regular e orientada de atividades físicas e exercícios físicos.

Conforme a idade cronológica, as necessidades relacionadas ao exercício físico e sua contribuição modificam-se, de modo mais ou menos acentuado. Entretanto, as preferências individuais devem prevalecer, porém, sem nenhuma negligência em relação a um ou outro aspecto.

As diferenças em relação às necessidades especiais de cada período, dizem respeito ao próprio funcionamento do organismo, onde podemos constatar uma maior perda de massa muscular com o avançar da idade, daí a importância do condicionamento de força muscular prevalecer.


Como regra geral, um programa de condicionamento físico para indivíduos entre 50 - 60/70 anos deve enfatizar a manutenção da resistência cardiorrespiratória e da força muscular, aspecto esse que trata da sustentação do corpo.


Além dos exercícios com pesos (como a musculação, por exemplo), as atividades aeróbicas, como a caminhada e a corrida são excelentes formas de exercícios para a promoção do bom funcionamento dos órgãos e sistema cardiorrespiratório, não exigindo um alto grau de complexidade motora. A corrida, portanto, pode se constituir em um modo seguro e saudável de praticar esporte seja pela questão competitiva ou simples lazer.


A prática regular da corrida e da caminhada somente deve ser restrita se o indivíduo apresenta-se com excesso de peso corporal (obesidade severa), ou com problemas ortopédicos, já que podem sobrecarregar as estruturas do aparelho locomotor, provocando quedas e lesões.
Para uma melhor eficiência mecânica durante a corrida, a força muscular é fundamental. A manutenção da capacidade de força muscular é obtida pela prática regular do treinamento com pesos, orientado por um profissional da EF experiente, pois há considerações a serem feitas a esse trabalho para que o mesmo se torne agradável e eficaz.


Não sabemos com toda a certeza o quanto a prática esportiva exerce influência decisiva sobre os processos de envelhecimento. Mas, quando comparamos o homem inativo com o esportista, observamos que a redução da capacidade orgânica é bem menor no esportista, sendo que o processo de envelhecer ocorre de forma mais saudável em quem pratica exercícios físicos regularmente. Assim, os esportistas conseguem ser 10-12 anos mais jovens biologicamente do que os indivíduos inativos. Isto significa saúde e longevidade.


Até o momento, podemos dizer que o único método cientificamente comprovado que garante ao homem o retardamento do processo natural de envelhecimento - biologicamente mais jovem do que a idade cronológica - é o treinamento físico-esportivo.


Ter uma vida ativa, pela prática regular e orientada de atividades físicas e esportes significa viver mais e ter mais vida durante muito mais tempo.

Prof. Esp. Marcelo Augusti

Pós-graduado em Fisiologia do Exercício e Treinamento Esportivo pela Unifesp

Consultor em Preparação Física da Revista Contra-Relógio

Colaborador da Revista Spiridon (Portugal)

Professor do Curso de Extensão Universitária em Preparação de Corrida de Fundo da UniFMU

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