A realização de exercícios físicos em temperaturas ambientes elevadas ou baixas pode representar uma sobrecarga extra ao organismo dos indivíduos.
A fadiga induzida pelos ajustes fisiológicos proporcionados pelos mecanismos de regulação da temperatura corporal pode influenciar significativamente o desempenho dos corredores durante os treinamentos ou competições.
O organismo humano, ao ser exposto ao exercício físico como a corrida, necessita de energia para a realização do trabalho mecânico proporcionado pela ação muscular.
Entretanto, a ineficiência do sistema de produção energética do organismo humano faz com que setenta e cinco por cento dessa energia seja dissipada em forma de calor.
O calor produzido pelo organismo deve ser eliminado, pois, caso contrário, aumentará a temperatura corporal em valores perigosos para a manutenção da vida (acima de 41ºC).
Competições ou sessões de treinos realizadas em dias muito quentes constituem-se em fatores de estresse térmico (fadiga no sistema de regulação da temperatura corporal) que irão repercutir no desempenho físico dos corredores, comprometendo os resultados dos treinamentos e competições.
Além da temperatura ambiente, a umidade relativa do ar (entendida como a quantidade de vapor d’água existente no ar atmosférico), também é um fator prejudicial a uma ótima dissipação do calor corporal durante a corrida.
O corpo humano perde calor para o meio ambiente por irradiação (transferência do calor corporal para objetos próximos mais frios, como alguns tipos de tecidos), por condução (pelo sangue que transporta o calor produzido nos músculos – local quente - para a pele – superfície fria), por convecção (pelas correntes de ar que circundam o corpo e transportam o calor para longe), ou pela evaporação (transferência do calor do corpo para o meio ambiente por meio da evaporação do suor).
Em dias muito quentes (temperatura acima de 28ºC), diminui-se a eficiência da perda de calor pela irradiação, pela condução e convecção, e quanto mais elevada estiver a temperatura, maior será a participação do mecanismo de evaporação.
Em relação à evaporação, este é o principal mecanismo fisiológico para a regulação da temperatura corporal. Esse mecanismo é profundamente afetado quando a umidade relativa do ar esta elevada (acima de 65%), pois, devido à saturação de vapor d’água no ar atmosférico, o suor (impregnado de partículas de água), ao invés de evaporar-se, escorre pelo corpo e o calor não é dissipado para o ambiente.
Quanto mais quente estiver o dia, portanto, maior será a produção de suor, que deve ser evaporado para resfriar o organismo. Assim, se o suor escorre, a transpiração representa uma perda inútil de água em relação à eficiência do sistema de termorregulação, que irá trazer como conseqüência, um perigoso estado de desidratação ou superaquecimento do organismo.
A perda excessiva de água irá comprometer a regulação da temperatura corporal e as funções do sistema cardiovascular, diminuindo a capacidade de desempenho dos corredores.
Como a maior parte da perda de água pela transpiração provém do sangue, a capacidade circulatória é prejudicada, sendo que, se não houver uma reposição contínua de líquidos (isotônicos, por exemplo), o volume sangüíneo circulante ficará comprometido, provocando um colapso no sistema cardiovascular, pondo a vida do corredor em risco.
Sede, cansaço, tonteiras e distúrbios visuais são sinais de estresse térmico que, se não forem observados, trarão algumas complicações para o organismo, como cãibras e exaustão induzidas pelo calor e, mais grave, choque térmico, que pode levar à morte.
Alguns sinais que, em conjunto, indicam a dificuldade do sistema cardiovascular em manter o equilíbrio térmico são: pulso fraco e rápido, rosto avermelhado, pele seca e quente, pressão arterial baixa, cefaléia (dor-de-cabeça), vertigens e fraqueza generalizada. Em termos de desempenho físico, isso pode representar uma redução em mais de 40% na resistência orgânica.
Portanto, o corredor deve estar atento ao realizar seus treinos e participar de competições em um ambiente hostil, como em dias quentes e úmidos, pois isto pode por em risco seu rendimento esportivo e sua saúde.
Prof. Esp. Marcelo Augusti
Pós-graduado em Fisiologia do Exercício e Treinamento Esportivo pela UnifespConsultor em Preparação Física da Revista Contra-RelógioColaborador da Revista Spiridon (Portugal)Professor do Curso de Extensão Universitária em Preparação de Corrida de Fundo da UniFMU
Pós-graduado em Fisiologia do Exercício e Treinamento Esportivo pela UnifespConsultor em Preparação Física da Revista Contra-RelógioColaborador da Revista Spiridon (Portugal)Professor do Curso de Extensão Universitária em Preparação de Corrida de Fundo da UniFMU
Um comentário:
Olá achei muito interessante seu blog
Muito bom
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